A cruz é um convite para superarmos o egoísmo.

24/03/2013 07:43

 

 

Domingo de Ramos

 

Primeira leitura (Isaías 50,4-7)

 

Livro do Profeta Isaías:

4O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo.

5O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 

6Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.

7Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. 

- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

 

Salmo (Salmos 21)

 

— Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? 
— Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

— Riem de mim todos aqueles que me veem,/ torcem os lábios e sacodem a cabeça:/ “Ao Senhor se confiou, ele o liberte/ e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”

— Cães numerosos me rodeiam furiosos,/ e por um bando de malvados fui cercado./ Transpassaram minhas mãos e os meus pés/ e eu posso contar todos os meus ossos. 

— Eles repartem entre si as minhas vestes/ e sorteiam entre si a minha túnica./ Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,/ ó minha força, vinde logo em meu socorro! 

— Anunciarei o vosso nome a meus irmãos/ e no meio da assembleia hei de louvar-vos!/ Vós, que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,/ glorificai-o, descendentes de Jacó,/ e respeitai-o, toda a raça de Israel!


Confira: sugestão de melodia do salmo deste dia

 

Segunda leitura (Filipenses 2,6-11)

 

Carta de São Paulo apóstolo aos Filipenses: 

6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação,7mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. 

10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai. 

- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

 

Evangelho (Lucas 23,1-49)

 

Leitor 1: Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo + segundo Lucas.

Naquele tempo, 1toda a multidão se levantou e levou Jesus a Pilatos. 2Começaram então a acusá-lo, dizendo:
Ass.: “Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o Rei”.

Leitor 1: 3Pilatos o interrogou:
Leitor 2: “Tu és o rei dos judeus?”
Leitor 1: Jesus respondeu, declarando:
Pres.: “Tu o dizes!”
Leitor 1: 4Então Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão:
Leitor 2: “Não encontro neste homem nenhum crime”.
Leitor 1: 5Eles, porém, insistiam:
Ass.: “Ele agita o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui”.
Leitor 1: 6Quando ouviu isto, Pilatos perguntou:
Leitor 2: “Este homem é galileu?”
Leitor 1: 7Ao saber que Jesus estava sob a autoridade de Herodes, Pilatos enviou-o a este, pois também Herodes estava em Jerusalém naqueles dias. 8Herodes ficou muito contente ao ver Jesus, pois havia muito tempo desejava vê-lo. Já ouvira falar a seu respeito e esperava vê-lo fazer algum milagre. 9Ele interrogou-o com muitas perguntas. Jesus, porém, nada lhe respondeu.

10Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei estavam presentes e o acusavam com insistência. 11Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo, zombou dele, vestiu-o com uma roupa vistosa e mandou-o de volta a Pilatos. 12Naquele dia Herodes e Pilatos ficaram amigos um do outro, pois antes eram inimigos.

13Então Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo, e lhes disse:

Leitor 2: 14“Vós me trouxestes este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Já o interroguei diante de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais; 15nem Herodes, pois o mandou de volta para nós. Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte. 16Portanto, vou castigá-lo e o soltarei”.
Leitor 1: 18Toda a multidão começou a gritar:
Ass.: “Fora com ele! Solta-nos Barrabás!”
Leitor 1: 18Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por homicídio.20Pilatos falou outra vez à multidão, pois queria libertar Jesus. 21Mas eles gritaram:
Ass.: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
Leitor 1: 22E Pilatos falou pela terceira vez:
Leitor 2: “Que mal fez este homem? Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei”.
Leitor 1: 23Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força, pedindo que fosse crucificado. E a gritaria deles aumentava sempre mais. 24Então Pilatos decidiu que fosse feito o que eles pediam. 25Soltou o homem que eles queriam — aquele que fora preso por revolta e homicídio — e entregou Jesus à vontade deles.

26Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus. 27Seguia-o uma grande multidão do povo e de mulheres que batiam no peito e choravam por ele. 28Jesus, porém, voltou-se e disse:

Pres.: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos! 29Porque dias virão em que se dirá: ‘Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios que nunca amamentaram’. 30Então começarão a pedir às montanhas: ‘Cai sobre nós! e às colinas: ‘Escondei-nos!’ 31Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?”
Leitor 1: 32Levavam também outros dois malfeitores para serem mortos junto com Jesus.33Quando chegaram ao lugar chamado “Calvário”, ali crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda. 34Jesus dizia:
Pres.: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”
Leitor 1: Depois fizeram um sorteio, repartindo entre si as roupas de Jesus. 35O povo permanecia lá, olhando. E até os chefes zombavam, dizendo:
Ass.: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!”
Leitor 1: 36Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre,37e diziam:
Ass.: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”
Leitor 1: 38Acima dele havia um letreiro: “Este é o Rei dos Judeus”. 39Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo:
Leitor 3: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”
Leitor 1: 40Mas o outro o repreendeu, dizendo:
Leitor 4: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? 41Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”.
Leitor 1: 42E acrescentou:
Leitor 4: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”.
Leitor 1: 43Jesus lhe respondeu:
Pres.: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.
Leitor 1: 44Já era mais ou menos meio-dia e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde, 45pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se pelo meio,46e Jesus deu um forte grito:
Pres.: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”.
Leitor 1: Dizendo isso, expirou.
(Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.)
Leitor 1: 47O oficial do exército romano viu o que acontecera e glorificou a Deus, dizendo:
Leitor 5: “De fato! Este homem era justo!”
Leitor 1: 48E as multidões, que tinham acorrido para assistir, viram o que havia acontecido e voltaram para casa, batendo no peito. 49Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galileia, ficaram a distância, olhando essas coisas.



 
 
- Palavra da Salvação. 
- Glória a vós, Senhor.

 

Homilia

 

Aqui começa a semana maior da nossa fé cristã. Nesta Semana Santa não só lembraremos um fato histórico do passado, mas celebraremos a presença viva de Cristo Jesus que padeceu, morreu e ressuscitou; e leva em frente toda a nossa comunidade cristã pela presença do seu Divino Espírito Santo, até os dias de hoje.

 

Jesus entra triunfalmente em Jerusalém e o povo todo o acolhe: “Bendito aquele que vem como Rei em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!” E o Evangelho também fala solenemente da Paixão do Senhor.

 

Jesus é apresentado, desse modo, com toda sua humanidade, compartilhando a angústia e a dor dos homens frente à injustiça e à traição, sem, por isso, perder a serenidade de quem confia e espera em Deus – Ele é o “Servo Sofredor” que carrega o peso de toda humanidade como havia anunciado o profeta Isaías.

 

Por outro lado, o processo permite que Jesus enfrente ambas as autoridades: a civil e a religiosa, e proclame a Sua máxima autoridade messiânica.

 

A Paixão de Jesus se toma assim, um desafio, um alerta para a vida de seus seguidores. Trata-se de um convite a optar pelos crucificados, pelos excluídos, pelos marginalizados da história, sempre lembrando que a justiça de Deus se inicia ali, onde os homens sofrem a injustiça dos opressores.

 

O exemplo de Jesus é um terno apelo para que confiemos em Deus, apesar de tudo e contra tudo. Jesus nos ensina, com seus gestos de perdão e reconciliação, que as adversidades não devem nos afastar de uma oração ardente, constante e confiante.

 

A cruz de Jesus é um convite para superarmos nossas opções egoístas e oferecer, doar ao irmão o melhor de nós mesmos e, se for necessário, também nossa vida.

 

A sabedoria do homem é afirmação em si mesmo, servindo-se do outro, e o seu poder é possuir, dominar e exaltar-se. A sabedoria de Deus, expressa em Jesus crucificado, é afirmação do outro mediante o extremo dom de si mesmo; seu poder é despojar-se de tudo, inclusive do próprio “eu”, abaixando-se até à morte de cruz.

 

Por isso, a cruz de Jesus nos salva, dá-nos equilíbrio, faz-nos viver bem em comunidade, respeitando as diferenças de cada um. Jesus está em nossas cruzes. A Páscoa só será bem vivida se tivermos certeza que a cruz é sinal de libertação.

 

Boa caminhada para Cristo, nossa Páscoa definitiva!

 

Padre Bantu Mendonça

 

Fonte: Canção Nova.