A nova Jerusalém

28/04/2013 07:38

 

 

5º Domingo da Páscoa

 

Primeira leitura (Atos dos Apóstolos 14,21b-27)

Leitura dos Atos dos Apóstolos:

Naqueles dias, Paulo e Barnabé 21bvoltaram para as cidades de Listra, Icônio e Antioquia.22Encorajando os discípulos, eles os exortavam a permanecerem firmes na fé, dizendo-lhes: “É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus”.
23Os apóstolos designaram presbíteros para cada comunidade. Com orações e jejuns, eles os confiavam ao Senhor, em quem haviam acreditado.
24Em seguida, atravessando a Pisídia, chegaram à Panfília. 25Anunciaram a palavra em Perge, e depois desceram para Atália. 26Dali embarcaram para Antioquia, de onde tinham saído, entregues à graça de Deus, para o trabalho que haviam realizado.
27Chegando ali, reuniram a comunidade. Contaram-lhe tudo o que Deus fizera por meio deles e como havia aberto a porta da fé para os pagãos. 

- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

 

Salmo (Salmos 144)

— Bendirei o vosso nome, ó meu Deus,/ meu Senhor e meu Rei para sempre.
— Bendirei o vosso nome, ó meu Deus,/ meu Senhor e meu Rei para sempre.

— Misericórdia e piedade é o Senhor,/ ele é amor, é paciência, é compaixão./ O Senhor é muito bom para com todos,/ sua ternura abraça toda criatura.

— Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem,/ e os vossos santos com louvores vos bendigam!/ Narrem a glória e o esplendor do vosso reino/ e saibam proclamar vosso poder!

— Para espalhar vossos prodígios entre os homens/ e o fulgor de vosso reino esplendoroso./ O vosso reino é um reino para sempre,/ vosso poder, de geração em geração.


Confira: sugestão de melodia do salmo deste dia

 

Segunda leitura (Apocalipse 21,1-5a)

Leitura do Livro do Apocalipse de São João:

Eu, João, 1vi um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, vestida qual esposa enfeitada para o seu marido.

3Então, ouvi uma voz forte que saía do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles. 4Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, porque passou o que havia antes”. 

5aAquele que está sentado no trono disse: “Eis que faço novas todas as coisas”. Depois, ele me disse: “Escreve, porque estas palavras são dignas de fé e verdadeiras”. 

- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

 

Evangelho (João 13,31-33a.34-35)

— O Senhor esteja convosco. 
— Ele está no meio de nós. 
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

31Depois que Judas saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo.

33aFilhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. 34Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. 35Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.
 

- Palavra da Salvação. 
- Glória a vós, Senhor.

 

Homilia

 

Estamos no Tempo da Páscoa, da Ressurreição. Celebramos, nestes dias, o poder sem limites de Deus. Tudo é possível para Ele. No Espírito, Deus Pai tem a energia capaz de transformar tudo. Jesus ressuscitou como primícias, mas, depois dele, ressuscitará também seu corpo, a Igreja. A Igreja poderá ser aquela nova Jerusalém, casa do Amor e da Missão com que Jesus sonhou quando estava fisicamente entre nós.

 

A comunidade cristã é missionária porque Deus continua fazendo sua obra. Ele, por intermédio do Espírito, continua a missão de Jesus. A Igreja missionária não é dona de sua missão; procura ser transparência, expressão, colaboradora da missão de Jesus.

 

A velha Jerusalém nós já conhecemos. Está amarrada a um passado violento, a seus ritos e sistema religioso caducos, a suas autoridades malévolas. Não conhecemos a nova Jerusalém. Não está aqui. Vem do céu como uma noiva adornada para seu esposo. É cidade de sonho, fundada pelo Deus que quer nos surpreender com a novidade: “Eis que eu faço novas todas as coisas!”

 

Poderíamos nos contentar em dizer que a vinda da nova Jerusalém será “no final dos tempos”. Já estamos no final dos tempos, desde que Jesus ressuscitou! A nova Jerusalém desce todos os dias a nossa terra. É um dom que diariamente nos é oferecido. Isso acontece, entretanto, de forma misteriosa, sacramental. A nova Jerusalém se oferece e se manifesta às “testemunhas escolhidas por Deus”. É o corpo ressuscitado e novo de Cristo.

 

Os que são agraciados com a contemplação da descida da nova Jerusalém, com o aparecimento do corpo eclesial de Jesus ressuscitado têm outra consciência, vivem as realidades eclesiais “de outra maneira”. Não ajustam sua vida ao estilo da velha Jerusalém. Deixam com facilidade que o velho passe, para que se instaure a novidade que vem de Deus. Não se agarram a velhos estilos de poder, a contradições mortas. Não querem ressuscitar o velho culto, não adoram o dinheiro, não procuram esplendores caducos.

 

Jesus nos diz, de maneira muito forte, que o sinal característico de seus discípulos é o amor fraterno. A condição essencial é que “nos amemos uns aos outros”. É a marca da autenticidade. Sem essa marca, somos produto adulterado. Empenhar-nos em que reine entre nós o amor fraterno não é tarefa fácil.

 

Existe Páscoa e existe Ressurreição. Existem possibilidades para que se torne realidade o sonho de Jesus, o sonho de Igreja. Preparando a acolhida da nova Jerusalém, podemos já viver antecipadamente sua presença. Abertos às pequenas tarefas que a mãe Igreja nos confia, podemos descobrir a maravilha do projeto misterioso. É nos dado participar do amor do Reino que tudo une e harmoniza: o amor aos irmãos. Por isso, quem ama seus irmãos tem a Vida.

 

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG)

 

Fonte: Canção Nova.