A purificação urgente para a evangelização que urge

11/01/2013 06:58

 

Primeira leitura (1João 5,5-13)
 

Leitura da Primeira Carta de São João.

Caríssimos, 5quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 6Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue). E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade. 7Assim, são três que dão testemunho: 8o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes.
9Se aceitamos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior. Este é o testemunho de Deus, pois ele deu testemunho a respeito de seu Filho. 10Aquele que crê no Filho de Deus tem este testemunho dentro de si. Aquele que não crê em Deus faz dele um mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus deu a respeito de seu Filho. 11E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. 12Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida.
13Eu vos escrevo estas coisas a vós que acreditastes no nome do Filho de Deus, para que saibais que possuís a vida eterna.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

 

Salmo (Salmos 147)
 

— Glorifica o Senhor, Jerusalém!
— Glorifica o Senhor, Jerusalém!

— Glorifica o Senhor, Jerusalém! Ó Sião, canta louvores ao teu Deus! Pois reforçou com segurança as tuas portas, e os teus filhos em teu seio abençoou.
— A paz em teus limites garantiu e te dá como alimento a flor do trigo. Ele envia suas ordens para a terra e a palavra que ele diz corre veloz.
— Anuncia a Jacó sua palavra, seus preceitos, suas leis a Israel. Nenhum povo recebeu tanto carinho, a nenhum outro revelou os seus preceitos.

 

Evangelho (Lucas 5,12-16)
 

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

12Aconteceu que Jesus estava numa cidade, e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, o homem caiu a seus pés, e pediu: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. 13Jesus estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero, fica purificado”. E imediatamente, a lepra o deixou. 14E Jesus recomendou-lhe: “Não digas nada a ninguém. Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela purificação o prescrito por Moisés como prova de tua cura”. 15Não obstante, sua fama ia crescendo, e numerosas multidões acorriam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades. 16Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.


 

Homilia

 

Jesus é a manifestação do Homem Novo, rico em compaixão. No Mistério de Cristo a epifania (manifestação) foi constante, pois a todo momento, com palavras, atos, atitudes e silêncio, Ele revelou o Reino de Deus que manifesta o Amor capaz de instruir, alimentar, curar e libertar o ser humano, em todo o tempo e lugar.

 

Proponho hoje a meditação do Evangelho da liturgia de hoje – Lc 5, 12-16 – onde, tentaremos perceber esta Misericórdia Divina, em meio as misérias humanas, que são tantas e de tantas formas.

 

Na Boa Nova, a epifania cristológica tem espaço de participação para todos, mesmo para os mais desprezados e incompreendidos do seu tempo, como era o caso dos leprosos. Pessoas vítimas de variadas doenças de pele, para além da lepra e que eram condenadas ao ostracismo religioso e social, ou seja, tinham que se excluir de um “normal” convívio humano. Tanta gente hoje, devido aos males, como do alcoolismo e das drogas, não acabam experimentando coisas semelhantes, isto por reação dos outros ou como atitude dos próprios.

 

Mas voltemo-nos ao texto evangélico para percebermos a fé ousada daquele que se manifestou, como mais do que vítima ou culpado de uma fatalidade: «Estando Jesus numa das cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, ele caiu com o rosto em terra e suplicou-lhe: Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me”» (Lc 5, 12). Uma atitude de reconhecimento da Pessoa e Missão de Cristo que não foi tomada por todos aqueles que se aproximavam fisicamente de Jesus, mas infelizmente sem fé.

 

Muitos, com certeza, consideravam aquele homem “castigado” por Deus, até o próprio Cristo seria alvo desta visão estreita do relacionamento de Deus com o sofrimento humano, isto, no Calvário…no auge de sua teofania salvífica: «A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Eleito!» (Lc 23, 35). Mas quantas vezes o sofrimento humano é tanto, que a própria pessoa, se pergunta: “O que eu fiz para merecer tamanha desgraça?”

 

Voltemo-nos novamente para o Evangelho e contemplemos o que Jesus fez perante aquele crente sofredor: «Estendendo a mão, Jesus tocou nele e disse: “Quero, sejas purificado”. E imediatamente a lepra desapareceu» (v. 13). Primeiramente, Jesus não se afastou do homem gravemente enfermo. Em seguida, aproximou-se a ponto de tocar-lhe. Para as normas religiosas do seu tempo, o contato físico com um leproso significava estar contaminado… Assim Jesus revela que o Amor de Deus vai além de uma rígida norma do puro e impuro.

 

Para Jesus o encontro com aquele doente, com fé, permitiu a manifestação do poder de Deus, e assim poderá sempre acontecer, como ensina a Sã Doutrina Católica: «Só a fé pode aderir aos caminhos misteriosos da onipotência de Deus. Esta fé gloria-se nas suas fraquezas, para atrair a si e o poder de Cristo (cf. 2Cor 12,9; Fl 4, 13)» (CIC 273). Isto não significa que o Senhor curou e nem curará todas as doenças de todos os tempos, e ninguém pode exigir-lhe isto! Mas sem dúvida, podemos todos esperar, com fé que sejamos cada vez mais purificados de toda e qualquer relação, ou anti-relação com o Deus Vivo e Verdadeiro: «Quero, sejas purificado» (Lc 5, 13).

 

Neste novo ano – e Ano da Fé – precisamos nos deixar purificar, pelo Poderoso Espírito Santo, de toda visão e lepra de ignorância quanto a presença e ação de Deus no mistério do sofrimento que possa nos atingir ou tocar as pessoas em nossa volta, ou até, distantes.

 

Ora nós, estamos distantes dos que mais sofrem… E, às vezes, o que sabemos nos vem de boca à boca ou pelos Meios de Comunicação e muitas vezes fragmentado, quando não distorcido. Mas Jesus Cristo, revelação plena da presença e compaixão divina, não sabe “por escutar”, mas por viver conosco e em cada sofredor. Dele não vem mal algum, mas com certeza a graça necessária para que tudo concorra para o nosso bem e dos outros.

 

A Palavra de Deus é que nos garante: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio» (Rm 8, 28). Sem esta certeza, fica difícil evangelizar!

 

Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção Nova

 

Fonte: Canção Nova.