É pelo Espírito Santo que nascemos para Deus - Jo 20,19-23.

27/05/2012 07:00

Preparação para a Leitura Orante

 

Preparo-me para a Leitura Orante, invocando o Espírito Santo:

Espírito de verdade, a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.

Que eu conheça Jesus Mestre e compreenda o seu Evangelho.

 

Leitura Orante
Jo 20,19-23

 

Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:

 

- Que a paz esteja com vocês!

 

Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. Então Jesus disse de novo:

 

- Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.

Depois soprou sobre eles e disse:

 

- Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.

 

O que diz o texto do dia?

 

COMENTÁRIO 1

 

Jesus atravessa as barreiras internas e externas das pessoas. Com a vinda do Espírito Santo, o medo é vencido pela paz, a dúvida e o desânimo com a identificação de Jesus Ressuscitado.

 

COMENTÁRIO 2

 

As festas religiosas, nas religiões primitivas em culturas de economia agrícola, como acontecia em Canaã, eram associadas ao tempo de colheitas, ao longo do ano. Assim acontecia com as festas da Páscoa, dos Ázimos e de Pentecostes, celebradas no Templo de Jerusalém. A festa da Páscoa, que antecipa o primeiro dia dos Ázimos, era celebrada no começo da colheita do trigo (14o dia do mês de Nisã - geralmente em Abril) e a festa de Pentecostes celebrada sete semanas (cinquenta dias) depois.

 

João, no seu evangelho, após a crucifixão de Jesus na véspera de um sábado, apresenta os grandes eventos do primeiro dia da semana que se inicia. Este dia, o da ressurreição, bem delimitado no evangelho de João, começa com a ida de Maria Madalena ao túmulo de Jesus, de madrugada. Encontrando o túmulo vazio, avisa a Pedro e João, que correm para constatá-lo. Ao anoitecer deste mesmo dia, os discípulos estão reunidos com as portas fechadas, o que indica o temor que os tomava diante da execução de Jesus pelos judeus. Jesus entra e se põe no meio deles. De imediato lhes comunica a paz, a eles que estavam perturbados. Aquele que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de grande alegria, ainda mais quando Jesus renova a comunicação de sua paz. Soprando sobre eles, comunica-lhes o Espírito Santo. É o Espírito de Amor que liberta do pecado e une a todos formando um só corpo (segunda leitura) na diversidade, na fraternidade, no serviço e na compaixão. É o Espírito que renova a face do mundo inundando-o de amor e paz.

 

Lucas, na passagem paralela a esta, em seu evangelho, não menciona o dom do Espírito com o sopro de Jesus. É em Atos dos Apóstolos que será feita, com um grande realce, a narrativa do dom do Espírito Santo, com uma teofania caracterizada por grandes sinais espantosos, como acontecimento que ocorre na festa judaica de Pentecostes (primeira leitura). Tal narrativa contrasta com a simplicidade da narrativa de João, bem como com o clima de perseguição aos discípulos, que nela transparece. Trata-se de uma narrativa teológica a fim de vincular o movimento de Jesus aos judeus cristãos de Jerusalém, que continuaram frequentando o Templo até sua destruição, no ano 70, e as sinagogas, das quais foram expulsos na década de 80.

 

As narrativas da ressurreição e as aparições sucessivas exprimem uma realidade que as antecede. São a confirmação da condição humana e divina de Jesus que, em toda sua vida, revelou o amor libertador e vivificante de Deus, que a todos comunica sua vida divina e eterna.

 

José Raimundo Oliva

 

COMENTÁRIO 3

 

A Ressurreição do Senhor é o centro de tudo o que podemos celebrar, é o centro da nossa fé, o começo e o fim da nossa existência. Se falarmos do nascimento de Jesus, estaremos já nos preparando para o momento da Ressurreição. Se mencionarmos Sua morte, será para aderirmos à Sua Ressurreição. Da Encarnação à Ressurreição, o mistério é o mesmo. É preciso abertura de coração para acolhê-lo e vivê-lo na fé.

 

O evangelista João inicia sua narrativa expondo a situação da comunidade: “Ao anoitecer, do primeiro dia da semana, estando trancadas as portas do lugar onde se encontravam os discípulos…”. Ele realça a situação de insegurança própria de quem perde as referências e não sabe mais a quem recorrer.

 

“Jesus aparece e se coloca no meio deles”. Os discípulos ficaram contentes ao ver o Senhor e recuperam a paz e a confiança. Eles redescobriram o Mestre como centro de referência. D’Ele receberam as coordenadas que os levaram a superar o medo e a incerteza. Diante dos “sinais de Suas mãos e do lado”, que evocam o amor total expresso na cruz, os discípulos sentem que nem o sofrimento, nem a morte ou a violência do mundo poderão detê-los.

 

Jesus prossegue: “Como o Pai me enviou, assim também envio vocês”. Vivificados pelo sopro do Espírito Santo, os discípulos constituem a comunidade da Nova Aliança e são enviados a testemunhar ao mundo, em gestos e palavras, a vida que o Pai deseja oferecer a toda a humanidade. Assim, quem aceitar a proposta do perdão dos pecados será integrado na comunidade de Cristo que, animada pelo Espírito Santo, será mediadora da oferta do amor misericordioso do Pai.

 

A nova comunidade, por palavras e ações, tem a missão de criar condições para que o Espírito seja acolhido pelos corações humanos. Assim, gerada do sopro do Espírito do Ressuscitado, ela se transformará numa comunidade reconciliadora e testemunha do amor gratuito e generoso do Pai.

 

É bom lembrar que na celebração do Pentecostes cumpre-se a promessa de Jesus aos discípulos: “O Advogado, que eu mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando ele vier, dará testemunho de mim e vocês também darão testemunho de mim” (15, 26-27a).

 

Reconhecer essa presença de Deus, que se fez um conosco, nos impulsiona a testemunhar e, testemunhando, anunciar que Ele esteve morto, mas agora vive. O Espírito Santo nos é oferecido para que vivamos, no hoje da nossa história, a alegria plena pela certeza de que já fomos salvos pelo Cristo de Deus.

 

Para nós cristãos, Pentecostes é a plenitude da Páscoa e o dia do nascimento da Igreja com a missão de dar continuidade à obra do Ressuscitado no curso dos séculos, animada pelo dom do Espírito enviado sobre as comunidades pelo Pai e pelo Filho glorificado.

 

À luz de Pentecostes, o anúncio do Evangelho consistirá sempre numa proposta de vida, vivida na reciprocidade, na escuta e na busca sincera da verdade que abre horizontes ao diálogo, respeitoso e amigo, com cada pessoa e cada povo. Com a presença do Espírito Santo, o mundo inteiro é renovado!

 

Quanto mistério nos envolve! Quanta presença de Deus nos foi manifestada durante esses dias jubilosos! É da Cruz que nasce a Igreja. Do lado aberto do Senhor somos todos purificados, mas é do Espírito que o Pai nos envia, que temos força, coragem e entusiasmo para testemunhar este grandioso mistério.

 

É Pentecostes o novo marco da nossa história pessoal e eclesial. É pelo Espírito Santo que nascemos para Deus. Por Ele somos configurados ao Senhor e nos empenhamos no caminho da virtude. É o Espírito que, como dom do Pai, transforma nossa tristeza em perfeita alegria, que nos oferece a vitória por meio da cruz. “Se com Ele morremos, com Ele ressuscitaremos”.

 

Hoje, somos como Maria, aquela que acolhe o anúncio e, imediatamente, se coloca a serviço de quem necessita do nosso auxílio. Somos iguais a Maria Madalena, cujo coração foi transformado pelo amor do seu Senhor para, no amor d’Ele, transformar em alegria a tristeza de nossos irmãos.

 

Somos Isabel, geradora de vida mesmo na velhice, quando nosso coração se abre para acolher a novidade da salvação que nos é oferecia. Somos ainda Zacarias, mergulhado num profundo e misterioso silêncio para compreender a realidade visível de um Deus invisível. Somos, por fim, Igreja viva, sustentada e orientada pela ação do Espírito de Deus.

 

O dom do Pai, que vai nos transformar e testemunhar que Cristo vive entre nós, é a alegria de pertencer ao Corpo Místico de Cristo, que vive e reina para sempre, aquecendo o nosso coração a caminho do novo Emaús, que nos leva a partilhar o pão do céu.

 

Pela alegria de servir, pelo júbilo de um encontro com Deus, pela certeza de Sua presença transformadora e pelo mergulho da fé no mistério divino, vamos anunciar, pela nossa vida, que Cristo ressuscitou e vive entre nós.

 

Padre Bantu Mendonça

 

O que o texto diz para mim hoje?

 

Jesus oferece a paz aos discípulos. E com a paz, oferece-lhes o Espírito Santo.

 

"Jesus nos transmitiu as palavras de seu Pai e é o Espírito que recorda à Igreja as palavras de Cristo (cf. Jo 14,26). Desde o princípio, os discípulos haviam sido formados por Jesus no Espírito Santo (cf. At 1,2) que é, na Igreja, o Mestre interior que conduz ao conhecimento da verdade total formando discípulos e missionários. Esta é a razão pela qual os seguidores de Jesus devem se deixar guiar constantemente pelo Espírito (cf. Gl 5,25), e tornar a paixão pelo Pai e pelo Reino sua própria paixão: anunciar a Boa Nova aos pobres, curar os enfermos, consolar os tristes, libertar os cativos e anunciar a todos o ano da graça do Senhor (cf. Lc 4,18-19)." (DAp 152).

 

O que o texto me leva a dizer a Deus?

 

Rezo, com o papa Paulo VI:

 

Oração ao Espírito Santo

 

Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande,

Aberto à vossa silenciosa

E forte palavra inspiradora,

Fechado a todas as ambições mesquinhas,

Alheio a qualquer desprezível competição humana,

Compenetrado do sentido da santa Igreja!

Um coração grande,

Desejoso de tornar-se semelhante

Ao Coração do Senhor Jesus!

Um coração grande e forte

Para amar todos,

Para servir a todos,

Para sofrer por todos!

Um coração grande e forte

Para superar todas as provações,

Todo tédio, todo cansaço,

Toda desilusão, toda ofensa!

Um coração grande e forte,

Constante até o sacrifício,

Quando for necessário!

Um coração cuja felicidade

É palpitar com o Coração de Cristo

E cumprir humilde, fiel e virilmente

A vontade do Pai.

 

Amém

 

Papa Paulo VI.

 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

 

Meu novo olhar, iluminado pela luz do Espírito Santo,

Leva-me a pensar e desejar com os bispos da América Latina:

 

" O Espírito Santo, com o qual o Pai nos presenteia, identifica-nos com Jesus-Caminho, abrindo-nos a seu mistério de salvação para que sejamos seus filhos e irmãos uns dos outros; identifica-nos com Jesus-Verdade, ensinando-nos a renunciar a nossas mentiras e ambições pessoais, e nos identifica com Jesus-Vida, permitindo-nos abraçar seu plano de amor e nos entregar para que outros "tenham vida n'Ele"." (DAp 137).

 

Bênção

 

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

 

Fonte: Paulinas e Canção Nova.