Jesus Cristo é a plena manifestação da luz de Deus - Mc 9,2-10.

04/03/2012 07:36

Preparação para a Leitura Orante

 

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Este momento é muito especial no meu dia. Faço silêncio no meu coração e peço luz ao Espírito. Rezo com o Bem-aventurado Alberione:

 

Mestre, Tu que iluminas todo homem e és a própria verdade: eu não quero raciocinar senão como Tu ensinas, nem julgar senão conforme os teus julgamentos, verdade substancial, dada a mim pelo Pai: "Vive na minhamente, ó Jesus Verdade".

 

Leitura Orante
Mc 9,2-10

 

Seis dias depois, Jesus foi para um monte alto, levando consigo somente Pedro, Tiago e João. Ali, eles viram a aparência de Jesus mudar. A sua roupa ficou muito branca e brilhante, mais do que qualquer lavadeira seria capaz de deixar. E os três discípulos viram Elias e Moisés conversando com Jesus. Então Pedro disse a Jesus:

 

- Mestre, como é bom estarmos aqui! Vamos armar três barracas: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias.

 

Pedro não sabia o que deveria dizer, pois ele e os outros dois discípulos estavam apavorados.Logo depois, uma nuvem os cobriu, e dela veio uma voz, que disse:

 

- Este é o meu Filho querido. Escutem o que ele diz!

 

Aí os discípulos olharam em volta e viram somente Jesus com eles.

 

Quando estavam descendo do monte, Jesus mandou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse. Eles obedeceram à ordem, mas discutiram entre si sobre o que queria dizer essa ressurreição.

 

O que diz o texto do dia?

 

COMENTÁRIO 1

 

A transfiguração é manifestação da glória da Ressurreição. Observo neste trecho do Evangelho a revelação do Filho nas palavras do Pai: "Este é o meu Filho querido. Escutem o que ele diz". Observo alguns símbolos:

 

"Monte muito alto" - a montanha indica o lugar de encontro com Deus.

 

Roupa brilhante", ("luz") ¬ Quanto mais luz coloco num ambiente escuro, mais claro ele se tornará.

Quanto mais Palavra de Deus tiver em mim, mais a luz de Deus brilhará em minha vida.

 

"Tendas"- lugares de repouso e de oração.

 

"Nuvem e sombra" simbolizam a presença de Deus.

 

Jesus se revela como verdadeiro Filho de Deus, Mestre a quem devo escutar e seguir em seu caminho de cruz e ressurreição.

 

COMENTÁRIO 2

 

O "alto de uma montanha, a sós" é o interior do coração onde se dá a comunicação divina. É aí que Jesus procura entrar e revelar-se, vencendo as barreiras das ideologias tradicionais. E é lentamente que os discípulos vão compreendendo a novidade de Jesus. O simbolismo da sua figura "muito brilhante e tão branca" indica a condição divina presente em Jesus, não percebida aos olhos vulgares.

 

"Filho de Deus" era o título usado pelos poderosos, reis e faraós, que legitimavam seu abuso de poder e a opressão sobre o povo em nome de Deus, como seu representante ou seu próprio filho na terra. Nesse sentido foi elaborada a tradição davídica que originou as expectativas messiânicas sob várias formas. Contudo, Jesus, "o meu Filho amado", não tem este caráter messiânico. Ele é a revelação do Deus amor, misericórdia e serviço. É a base do projeto de um mundo novo possível, onde a fraternidade e a partilha sejam os laços fundamentais de relacionamento social. Sem esquecer que a natureza, a montanha, as nuvens, os campos, vales e rios participam harmoniosamente deste projeto. A transfiguração não é uma "ida e volta" à glória futura, mas uma transparência do caráter divino e glorioso de Jesus humano, manso e humilde de coração. A questão é a percepção da realidade atual da humanidade revestida da divindade, mesmo que vulnerável ao sofrimento e à morte. Jesus já é portador da glória do Pai e da vida eterna, e esta glória é comunicada a todos que o seguem.

 

Na primeira leitura, Abraão, por obediência religiosa, se dispõe a sacrificar seu filho único, Isaac. Abraão é apresentado como modelo da obediência cega à Lei que exprime a vontade da divindade, pelo que é premiado. Esta concepção é prenhe de violência, particularmente quando a premiação é a conquista das cidades daqueles que eram considerados inimigos, passados ao fio da espada, e a supremacia do poder e da riqueza sobre todas as nações da terra. Na segunda leitura, Paulo interpreta a cruz de Jesus sob este modelo de Abraão: Deus entrega seu filho unigênito em sacrifício por nós. Hoje, a teologia interpreta que o dom do Filho de Deus é a encarnação, com a plenitude de amor revelada e comunicada por Jesus no convívio com os discípulos e as multidões.

 

Jesus, nascido de Maria, humano e divino, é portador da imortalidade e da glória. Somos convidados a ter a experiência, já, da glória de Deus, no amor fraterno. "Nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único" (Jo 1,14b).

 

José Raimundo Oliva

 

COMENTÁRIO 3

 

A “Festa da Transfiguração do Senhor” remonta ao século V, no Oriente. Na Idade Média estendeu-se por toda Igreja Universal, especialmente com o Papa Calisto III.

 

Presente Pedro, João e Tiago, Jesus se transfigura diante deles. Seu corpo ficou luminoso e suas vestes resplandecentes. Com isto, Jesus quis manifestar aos discípulos que Ele era realmente o Filho de Deus enviado pelo Pai.

 

Jesus é o cumprimento de todas as promessas de Deus. Ele é o “Deus conosco”, a manifestação da ternura e da misericórdia do Pai entre os homens. A Sua paixão e morte não serão o fim, mas tudo recobrará sentido quando Deus Pai O ressuscitar e O fizer sentar-se à Sua direita, na Glória. Tudo isto é dito de uma maneira plástica: luz, brancura, glória, nuvem… que indicam a presença de Deus.

 

Jesus nos revela um Deus que surpreende. Fala da Glória. Todavia, nos mostra que o caminho necessário para ela é o caminho da cruz, da paixão e morte, da entrega total de Sua vida pelo perdão dos pecados.

 

Já o profeta Daniel ficou surpreendido ao ver entrar na Glória e receber realeza divina – com poder eterno – alguém semelhante a qualquer “filho do homem”.

 

Surpreendidos ficaram também os três apóstolos no Tabor, ao verem Jesus tão divinamente transfigurado, estando precisamente a rezar preocupado, como qualquer homem, com o que ia sofrer em Jerusalém.

 

Na Liturgia de hoje, o evangelista afirma que Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João a um monte elevado e se transfigurou diante deles, tornando-se resplandecente de tal brancura que “lavadeiro algum da terra poderia branquear as suas vestes assim”. É neste mistério de luz que hoje a Liturgia nos convida a fixar o nosso olhar.

 

No rosto transfigurado de Jesus brilha um raio da luz divina que Ele conservava no Seu íntimo. Esta mesma luz resplandecerá no rosto de Cristo no dia da Ressurreição. Neste sentido, a Transfiguração manifesta-se como uma antecipação daquilo com que nos revestiremos quando tudo se consumar em todos. Aí sim celebraremos o mistério pascal!

 

A Transfiguração convida-nos a abrir os olhos do coração para o mistério da luz de Deus, presente em toda a história da salvação. Já no início da criação, o Todo-Poderoso diz: “Faça-se a luz!” (Gn 1,3), e verifica-se a separação entre a luz e as trevas.

 

Como as outras criaturas, a luz é um sinal que revela algo de Deus. É como o reflexo da Sua glória, que acompanha as Suas manifestações. Quando Deus aparece, “o seu esplendor é como a luz, das suas mãos saem raios” (Hab 3,4s.). Como se afirma nos Salmos, a luz é o manto com que Deus se reveste (cf. Sl 104,2). No Livro da Sabedoria, o simbolismo da luz é utilizado para descrever a própria essência de Deus. A sabedoria, efusão da glória de Deus, é “um reflexo da luz eterna”, superior a todas as luzes criadas (cf. Sb 7,26.29s.).

 

No Novo Testamento, é Cristo que constitui a plena manifestação da luz de Deus. A Sua ressurreição aboliu para sempre o poder das trevas do mal.

 

Com Cristo ressuscitado a verdade e o amor triunfam sobre a mentira e o pecado. Nele, a luz de Deus já ilumina definitivamente a vida dos homens e o percurso da história. “Eu sou a luz do mundo” – afirma Ele no Evangelho – “Quem me segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Marcos, no Evangelho de hoje, recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, faz uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o Seu projeto de salvação em favor dos homens através do dom da vida.

 

Para você que muitas vezes está desanimado e assustado, Jesus diz que o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Seguir a Cristo é a garantia da vitória final.

 

Portanto, nesse 2º Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir para chegar à vida nova. E este não é senão o caminho da escuta atenta de Deus e dos Seus projetos, o caminho da obediência total e radical aos planos do Pai.

 

Padre Bantu Mendonça

 

O que o texto diz para mim hoje?

 

Preciso me aproximar mais e escutar a Palavra, condição para aprender do Mestre e ser seu/sua discípulo/a.

 

Os bispos, em Aparecida, disseram:

 

"Para aprender com o Mestre é necessário assumir a centralidade do Mandamento do amor, que Ele quis chamar seu e novo: "Amem-se uns aos outros, como eu os amei" (Jo 15,12). Este amor, com a medida de Jesus, com total dom de si, além de ser o diferencial de cada cristão, não pode deixar de ser a característica de sua Igreja, comunidade discípula de Cristo, cujo testemunho de caridade fraterna será o primeiro e principal anúncio, "todos reconhecerão que sois meus discípulos" (Jo 13,35)." (DAp 138).

 

O que o texto me leva a dizer a Deus?

 

Com esta oração de Alberione, expresso minha adesão e desejo de seguir Jesus.

Jesus Mestre,

que eu pense com a tua inteligência

e com a tua sabedoria.

Que eu ame com o teu Coração...

Que eu veja sempre com os teus olhos.

Que eu fale com a tua língua.

Que eu ouça somente com teus ouvidos.

Que eu saboreie aquilo que tu gostas.

Que as minhas mãos sejam as tuas.

Que os meus pés sigam os teus passos.

Que eu reze com as tuas orações.

Que meu tratamento seja o teu.

Que eu celebre como tu te imolaste.

Que eu esteja em ti e tu em mim.

(Bem-aventurado Tiago Alberione)

 

Rezo também a Oração da Campanha da Fraternidade 2012

 

Senhor Deus de amor, Pai de bondade, nós vos louvamos e agradecemos pelo dom da vida, pelo amor com que cuidais de toda a criação.

 

Vosso Filho Jesus Cristo, em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos e de todos os sofredores, sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude.

 

Enviai-nos, Senhor, o Vosso Espírito. Guiai a vossa Igreja, para que ela, pela conversão se faça sempre mais, solidária às dores e enfermidades do povo, e que a saúde se difunda sobre a terra.

 

Amém.

 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

 

Levo comigo a luz de Jesus transfigurado.

 

Quanto mais luz levar em meus olhos, minhas mãos, minhas palavras, mais iluminado estará o mundo em que vivo.

 

Bênção

 

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

 

Fonte: Paulinas e Canção Nova.