Não façamos do pecado um projeto de vida - Mt 21,28-32.

25/09/2011 08:47

Preparação para Leitura Orante

 

Preparo-me para a Leitura Orante, fazendo uma rede de comunicação e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que se neste ambiente virtual. Rezo em sintonia com a Santíssima Trindade.

 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

 

Espírito Santo, tu que vieste do Pai, e que permaneceste conosco, em Jesus, tu que habitas, pela fé, nos nossos corações, abre-nos à Palavra!

 

Seja a nossa inteligência e a nossa vontade, terreno bom, onde tu possas trabalhar com liberdade,

de modo que a nossa vida seja sinal eloquente da tua caridade.

 

Amém.

 

Leitura Orante

Mt 21,28-32

 

Jesus continuou:

 

- E o que é que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi falar com o mais velho e disse: "Filho, hoje você vai trabalhar na minha plantação de uvas."

 

- Ele respondeu: "Eu não quero ir." Mas depois mudou de idéia e foi.

 

- O pai foi e deu ao outro filho a mesma ordem. E este disse: "Sim, senhor." Mas depois não foi.

 

- Qual deles fez o que o pai queria? - perguntou Jesus.

 

E eles responderam:

 

- O filho mais velho.

 

Então Jesus disse a eles:

 

- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: os cobradores de impostos e as prostitutas estão entrando no Reino de Deus antes de vocês. Pois João Batista veio para mostrar a vocês o caminho certo, e vocês não creram nele; mas os cobradores de impostos e as prostitutas creram. Porém, mesmo tendo visto isso, vocês não se arrependeram e não creram nele.

 

O que diz o texto do dia?

 

COMENTÁRIO 1

 

Esta parábola contada por Jesus pode ser entendida como a coerência entre o dizer e o agir. O primeiro filho disse que faria a vontade do pai e não fez. O segundo disse que não a faria e se arrependeu e a fez. O contraste entre as duas atitudes é evidente. Jesus falava a pessoas que se diziam fiéis à Lei e, no entanto, não o acolhiam. Enquanto que outros, pecadores, gente do povo, pobres o acolhiam reconhecendo nele o Filho de Deus, o Messias enviado pelo Pai.

 

COMENTÁRIO 2

 

As parábolas são uma forma literária à qual se recorre para tornar compreensível uma realidade que se deseja revelar. Nos evangelhos encontramos quarenta e quatro parábolas. Dentre elas, temos várias que são encontradas nos três evangelhos sinóticos. Outras são próprias de um ou de outro evangelista. Assim temos duas parábolas que são exclusivas de Marcos, nove exclusivas de Mateus, dezoito exclusivas de Lucas, e duas exclusivas de João.

 

A parábola de hoje, exclusiva e Mateus, é dirigida aos chefes religiosos de Jerusalém, membros do Sinédrio, por ocasião da chegada de Jesus, com seus discípulos, a esta cidade. O Sinédrio de Jerusalém, que funcionava como Suprema Corte do judaísmo, sob a presidência do Sumo Sacerdote, era formado pelos sacerdotes, escribas, e anciãos, sendo estes, principalmente, latifundiários de prestígio. Questionado por eles, Jesus os confunde interrogando-os sobre a autenticidade divina do batismo de João, e dirige-lhes esta parábola. A parábola, de extrema simplicidade na sua imagem e no seu significado, indica dois tipos de comportamentos dos filhos daquele pai. Não está posto em questão o fato da mudança de posição em relação à afirmação inicial; ambos mudaram. O que está em questão é o objeto de sua adesão: o cumprimento da vontade do Pai. O primeiro filho se indispôs a cumprir a vontade do Pai, mas depois mudou e a fez. O segundo filho se dispôs a cumpri-la, mas não a fez. Agora questionados por Jesus, os chefes religiosos e autoridades respondem imediatamente e com clareza, que foi o primeiro filho que fez a vontade do pai. Jesus, então, lhes argumenta que não foi isto que eles próprios fizeram, identificando-se assim com o segundo filho, que, embora afirmando-se disposto a fazer a vontade do pai, na realidade abandonou-a. João Batista veio anunciando a vontade do Pai na conversão e na prática da justiça, mas os chefes de Israel não acreditaram nele (cf. primeira leitura). Julgavam-se justos por serem observantes da Lei e de se proclamarem filhos de Abraão, com o que pretendiam ter a salvação garantida. O próprio João clamara: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, então, frutos de arrependimento e não penseis que basta dizer: 'Temos por pai a Abraão...'" (Mt 3,7b-9). É contundente a sentença final de Jesus: "Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus... pois os publicanos e as prostitutas acreditaram em João... mas vocês não..." Aqueles que estão à margem da sociedade acolhem Jesus, enquanto que as elites o rejeitam. É a expressão de uma sociedade fundada em valores e estruturas equivocados. Suas elites se afirmam em torno do poder e do dinheiro, muitas vezes procurando respaldo no poder religioso, e humilham, exploram, e excluem os humildes, fracos, pequenos e pobres. Estes excluídos se unem em torno de Jesus que se fez igual a eles (segunda leitura). Para Deus o essencial é a prática atual da justiça e do amor, independentemente do passado ou de pretensos direitos religiosos adquiridos.

 

José Raimundo Oliva

 

COMENTÁRIO 3

 

Jesus, neste Evangelho, quer nos dar uma lição sobre o que é verdadeiramente ser um filho. Ele inicia Seu discurso falando a respeito de dois diferentes “tipos” de filhos. Um filho aceita o convite do pai para trabalhar na vinha. E responde: “Sim, pai. Eu vou!” Mas depois desobedece e não vai. O outro filho reage com má vontade diante de seu pai e responde: “Não, eu não vou!” Mas, depois, se arrepende e, de fato, vai trabalhar na vinha do pai.

 

Qual dos dois filhos realizou a vontade do pai? Aquele que se arrependeu. Pois bem, é aqui que vemos como nós cristãos podemos enxergar a nossa vida.

 

Não existem dois “tipos” de filhos de Deus, aqueles que são “pecadores, terríveis e condenados ao inferno” e aqueles que são “santos, irrepreensíveis e que irão para o céu”. Não! Os dois filhos pecaram.

 

Os dois filhos, de alguma forma, desagradaram ao coração do pai. Só que com uma grande diferença. E essa diferença se encontra no arrependimento, numa disposição em mudar de mentalidade e voltar atrás. É aqui que vemos a diferença entre esses dois filhos.

 

Por isso, em nosso dia a dia, nós cristãos não podemos ficar olhando para as pessoas que não frequentam a igreja, que não fazem a vontade de Deus, que estão em estado de desobediência, como se nós fôssemos melhores e disséssemos: “Vejam só aqueles pecadores… Nós, ao contrário, somos justos e irrepreensíveis!” Nada disso!

 

Qual é a diferença entre o bom cristão – o bom filho de Deus – e aquele que é um pecador? A diferença está no fato de que o cristão se arrepende do seu pecado.

 

Nossa reação natural seria dizer: “O bom cristão é aquele que não peca!” Mas, infelizmente, este “tipo” de filho de Deus não existe. Só há um Filho de Deus que jamais pecou: Jesus Cristo. E uma filha de Deus que jamais pecou: a Santíssima Virgem Maria. Os outros todos pecaram. Portanto, todos nós vivemos do arrependimento.

 

O importante para nós é sabermos que – embora pequemos – não podemos fazer do pecado um projeto de vida. Aqui é que está a grande diferença entre um bom cristão e um pecador.

 

O bom cristão também peca, assim como o homem pecador. Mas o bom cristão odeia o próprio pecado. O bom cristão está disposto a chorar todos os dias o seu pecado e a se arrepender.

 

Um santo chamado Isaac de Nínive, certa vez, escreveu: O homem que chora os próprios pecados é maior do que aquele que ressuscita os mortos. Ou seja, um santo que realizasse grandes prodígios, que conseguisse até levantar os mortos, seria um santo “menor” do que aquele que chorasse os próprios pecados.

 

Porque, ao chorar os próprios pecados, estamos fazendo mais do que ressuscitar corpos. Estamos “ressuscitando almas”! Com o arrependimento nós ressuscitamos para a vida nova, a vida eterna.

 

De nada adianta ressuscitarmos os mortos que, vivendo esta vida terrena, poderão se perder e pegar o caminho do inferno… O que precisamos é ressuscitar a alma. Ressuscitar homens que, mortos para Deus pelos pecados cometidos, agora vivem. E vivem abertos à vida eterna.

 

A ressurreição que queremos é a ressurreição da alma. É evidente, é claro, que em nada negamos a importância do corpo e a ressurreição final – que será também dos corpos – mas, aqui, Santo Isaac de Nínive coloca a centralidade da nossa fé nesta realidade: o cristão é aquele que se arrepende de seus pecados e que não fez de seu pecado um projeto de vida.

 

Afinal de contas, é isso que nossa sociedade, desgraçadamente, prega: “O pecado é algo ‘normal’, comum, todo o mundo faz… Por que não vamos também fazer?” E o homem fica ali, contorcendo-se feito um porco na lama, no meio da lavagem, quando faz do pecado um projeto de vida.

 

Como verdadeiros cristãos, devemos tomar o firme propósito de chorar os nossos pecados todos os dias, de fazer o nosso exame de consciência diante de Deus e de odiar o pecado cometido. É verdade, nós pecamos. Mas o Senhor quer nos tirar desta “fossa”, deste fosso do pecado e nos dar vida nova e ressurreição.

 

É assim, e por essa razão, que Jesus diz que os pecadores – como os publicanos e as prostitutas que aceitaram a pregação de João Batista – precederiam aos fariseus no Reino dos Céus. Não tanto porque os pecadores entram por si mesmos. Nada disso. Mas porque existem dois tipos de filhos – ambos pecadores – em que um se arrepende e o outro não. Esta é a diferença.

 

Arrependamo-nos, portanto! Choremos nossos pecados e “voltemos as costas” para eles. Não façamos do pecado um projeto de vida e abracemos a vontade do nosso Pai celeste.

 

Se cairmos, nos levantemos sempre. O importante é odiar o próprio pecado.

 

Padre Paulo Ricardo

(transcrição e adaptação da homilia dominical – canal Liturgia Diária)

 

O que o texto diz para mim, hoje?

Sou mais semelhante a qual dos dois filhos da parábola?

 

Os bispos na Conferência de Aparecida lembraram: "Como discípulos de Jesus reconhecemos que Ele é o primeiro e maior evangelizador enviado por Deus (cf. Lc 4,44) e, ao mesmo tempo, o Evangelho de Deus (cf. Rm 1,3). Cremos e anunciamos "a boa nova de Jesus, Messias, Filho de Deus" (Mc 1,1). Como filhos obedientes à voz do Pai queremos escutar a Jesus (cf. Lc 9,35) porque Ele é o único Mestre (cf. Mt 23,8). Como seus discípulos sabemos que suas palavras são Espírito e Vida (cf. Jo 6,63.68). Com a alegria da fé somos missionários para proclamar o Evangelho de Jesus Cristo e, n'Ele, a boa nova da dignidade humana, da vida, da família, do trabalho, da ciência e da solidariedade com a criação."(DAp 103).

 

E eu me interrogo: É assim que acolho Jesus?

 

O que o texto me leva a dizer a Deus?

 

Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração do bem-aventurado Alberione:

 

Jesus, Mestre:

 

Que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.

Que eu ame com o teu coração.

Que eu veja com os teus olhos.

Que eu fale com a tua língua.

Que eu ouça com os teus ouvidos.

Que as minhas mãos sejam as tuas.

Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.

Que eu reze com as tuas orações.

Que eu celebre como tu te imolaste.

Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém.

 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

 

Meu olhar deste dia será iluminado pela presença de Jesus Cristo e no cumprimento da vontade do Pai.

 

Bênção

 

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém

 

Ir. Patrícia Silva, fsp

 

Fonte: Paulinas e Canção Nova.