Em entrevista à assessoria de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o novo presidente do CONIC afirmou que o seu maior desafio, à frente do CONIC, será levar até as bases, toda a articulação necessária para um maior crescimento, tanto institucional, quanto ecumênico.
“A minha prioridade como presidente CONIC será priorizar as bases, articulando o trabalho e a vivência ecumênica, que já existem no Brasil, e incentivar mais o desejo ecumênico”, disse dom Manoel João Francisco.
Leia abaixo a íntegra da entrevista de dom Manoel à assessoria de imprensa da CNBB.
Como o senhor acolheu sua escolha para presidir o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, o CONIC?
Eu recebi com alegria e ao mesmo tempo com certa apreensão, pois a CNBB depositou em mim a honra de ser o presidente de uma instituição tão respeitada e digna que é o CONIC, e sei da responsabilidade do organismo em si, mas sei também da responsabilidade de representar a igreja católica neste no CONIC. Confio na Palavra do Pai e sei que Ele vai me guiar, juntamente com a diretoria recém-eleita, para realizarmos um trabalho que possa atender as expectativas tanto da entidade quanto das igrejas-membro.
O que vai representar o seu mandato à frente do CONIC?
O meu mandato vai representar exatamente o desejo de sairmos um pouco das elites. Eu tenho a impressão de que o ecumenismo no Brasil, hoje, está nas elites. Então ele [o ecumenismo] precisa ir para as bases, então vou procurar estar em contato maior com as representações dos Regionais, e a partir das organizações dos Regionais, atingir outras entidades que estão ligadas às outras igrejas, e assim fazer com que o ecumenismo possa crescer e florescer, para que ele não fique apenas como um ecumenismo de cúpula. O ecumenismo no Brasil precisa dar este passo, se articular nas bases.
O senhor acredita que o CONIC tem um papel importante na defesa dos Direitos Humanos e no Diálogo Ecumênico?
Sim, o CONIC tem uma história que sempre foi pautada na defesa dos Direitos Humanos e se engajou em diversas lutas, até mesmo no tempo da Constituinte, dos movimentos de base e de organismos para a defesa dos Direitos Humanos, como a dos povos indígenas, dos quilombolas, das mulheres, e tantas outras bandeiras. Ultimamente se engajou na questão do Projeto de Lei Ficha Limpa, ajudando no recolhimento das assinaturas para enviar ao Congresso Nacional, então o CONIC sempre esteve envolvido na luta dos direitos, e é claro que vai continuar, e no nosso mandato vamos até incentivar mais essa participação e este envolvimento. Em relação ao ecumenismo, o CONIC nasceu com esta intenção, procurou e tem tentado trazer sempre a unidade entre os cristãos. Temos a consciência da necessidade e da importância da unidade dos cristãos, para que, como disse Jesus Cristo, “o mundo creia”. Sabemos que a fé cristã só aumentará no mundo à medida que os cristãos estiverem unidos. E neste sentido o CONIC tem feito um trabalho muito bonito.
Quais são os desafios do ecumenismo hoje?
O maior desafio é o já citado ecumenismo desarticulado nas bases e cada vez mais se articulando apenas nas cúpulas. Então o grande desafio hoje é articular todo esse trabalho e toda essa vivência ecumênica que já existe no Brasil entre os fieis e as várias organizações, que às vezes precisam de um ânimo, de um fôlego novo, com o apoio de uma entidade maior, que é o CONIC.
O seu mandato terá alguma prioridade especial?
A prioridade do meu mandato será, em primeiro lugar, trabalhar unido com toda a diretoria. Nós devemos estar muito bem articulados, muito bem unidos. Em seguida, aí sim, devemos acolher as sugestões que vieram da Assembleia que me elegeu. Lá [Assembleia] foram apresentadas diversas sugestões, então vamos acolher estas sugestões e procurar pô-las em prática. Uma das sugestões é chamar as entidades membro, as nossas representações nos Regionais e nos estados, e através dessas representações, então, chegar às bases. Parece-me que a prioridade será levar às bases toda uma articulação do trabalho e da vivência ecumênica, que já existe no Brasil, e incentivar mais este trabalho e esta vivência.