Quem sublinhou isso foi Dom Dominique Mamberti, secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, em seu discurso na 66ª Assembleia Geral da ONU.
O respeito à liberdade religiosa, disse o representante vaticano, “é o caminho fundamental para a construção da paz, o reconhecimento da dignidade humana e a proteção dos direitos do homem”.
No entanto, advertiu, “as situações nas quais o direito à liberdade religiosa é lesionado ou negado aos crentes das diferentes religiões são, infelizmente, numerosas”.
“Observa-se ainda um aumento da intolerância por motivos religiosos e se constata que os cristãos são atualmente o grupo religioso que sofre o maior número de perseguições devido à sua fé”, lamentou o prelado.
Neste sentido, Dom Mamberti sublinhou, diante da assembleia, que a falta de respeito à liberdade religiosa “representa uma ameaça para a segurança e a paz e impede a realização de um autêntico desenvolvimento humano integral”.
Proteger as minorias
O prelado destacou a situação das minorias religiosas em alguns países.
“O peso particular de uma religião determinada em uma nação não deveria jamais implicar que os cidadãos pertencentes a outras confissões fossem discriminados na vida social ou, pior ainda, se tolerasse a violência contra eles”, afirmou.
Sobretudo, quis chamar a atenção sobre a perseguição que as minorias cristãs padecem, sublinhando que os cristãos “são cidadãos com o mesmo título que os outros, ligados à sua pátria e fiéis a todos os seus deveres nacionais”.
“É normal que possam gozar de todos os direitos de cidadania, de liberdade de consciência e de culto, de liberdade no campo do ensino e da educação e no uso dos meios de comunicação social”, acrescentou.
Por isso, recordou a preocupação da Santa Sé “para que se adotem medidas eficazes para a proteção das minorias religiosas, lá onde elas são ameaçadas, com o fim de que, acima de tudo, os crentes de todas as confissões possam viver em segurança e continuar oferecendo sua contribuição à sociedade da qual somos membros”.
O bispo afirmou a importância de que o compromisso comum de reconhecer e de promover a liberdade religiosa “seja favorecido por um diálogo inter-religioso sincero, promovido e posto em prática pelos representantes das diferentes confissões religiosas e apoiado pelos governos e pelas instâncias internacionais”.
Secularismo
Por outro lado, afirmou, “há países nos quais, ainda que se conceda muita importância ao pluralismo e à tolerância, paradoxalmente se tende a considerar a religião como um fator estranho à sociedade moderna”, ou inclusive “considerá-la como desestabilizador, buscando, por diversos meios, marginalizá-la e impedir-lhe toda influência na vida social”.
“Como pode ser negada a contribuição das grandes religiões do mundo para o desenvolvimento da civilização?”, perguntou à assembleia.
Neste sentido, indicou que “as comunidades cristãs, com seus patrimônios de valores e de princípios, contribuíram fortemente para a conscientização das pessoas e dos povos com relação à sua própria identidade e dignidade, assim como para a conquista das instituições do Estado de direito e para a afirmação dos direitos do homem e dos seus correspondentes deveres”.
Por isso, concluiu afirmando a importância de que “os crentes, hoje como ontem, se sintam livres para oferecer sua contribuição para a promoção de um ordenamento justo das realidades humanas, não somente mediante um compromisso responsável no âmbito civil, econômico e político, mas também mediante o testemunho da sua caridade e da sua fé”.