Sirvo a um Deus vivo que liberta - Mc 1,21-28

29/01/2012 06:57

Preparação para a Leitura Orante

 

- A nós, que nos encontramos na web, a paz de Deus, nosso Pai, a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo, no amor e na comunhão do Espírito Santo.

 

- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!

 

Preparo-me para a Leitura, rezando:

 

Jesus Mestre, ficai conosco, aqui reunidos (pela grande rede da internet), para melhor meditar e comungar com a vossa Palavra.

 

Sois o Mestre e a Verdade: iluminai-nos, para que melhor compreendamos as Sagradas Escrituras. (Bv. Alberione)

 

Leitura Orante
Mc 1,21-28

 

Jesus e os discípulos chegaram à cidade de Cafarnaum, e, no sábado, ele foi ensinar na sinagoga. As pessoas que o escutavam ficaram muito admiradas com a sua maneira de ensinar. É que Jesus ensinava com a autoridade dele mesmo e não como os mestres da Lei. Então chegou ali um homem que estava dominado por um espírito mau. O homem gritou:

 

- O que quer de nós, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!

 

Então Jesus ordenou ao espírito mau:

 

- Cale a boca e saia desse homem!

 

Aí o espírito sacudiu o homem com violência e, dando um grito, saiu dele. Todos ficaram espantados e diziam uns para os outros:

 

- Que quer dizer isso? É um novo ensinamento dado com autoridade. Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem.

 

E a fama de Jesus se espalhou depressa por toda a região da Galiléia.

 

O que diz o texto do dia?

 

COMENTÁRIO 1

 

Este texto apresenta o encontro de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, num dia de sábado. Dois aspectos aparecem: 1º. O ensino de Jesus "com autoridade" e 2º. O espírito mau que dominava o homem.

 

O espírito mau dominou e desestruturou a vida do homem que chegou à sinagoga. Sua vida era tão desintegrada e vulnerável que achou que Jesus queria lhe fazer mal: "Você veio para nos destruir?" Diante desta incapacidade do homem de reconhecer a necessidade de libertação, Jesus se impôs. Usou de sua "autoridade", ordenando ao espírito mau: "Cale a boca e saia desse homem!".

 

O povo se impressionou com a autoridade de Jesus e tentava entendê-lo. Convencido da autoridade do Mestre, o povo "espalhou" o fato por toda a Galileia.

 

COMENTÁRIO 2

 

Mateus, no seu evangelho, destaca que Jesus, após a prisão de João, por quem fora batizado, voltou para a Galileia e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum (Mt 4,12-13). Esta é uma cidade à margem do Mar da Galileia, que serviu de base para a irradiação do ministério de Jesus para a Galileia e territórios gentílicos vizinhos. O povo da região, gentios em geral, estava sujeito à opressão do império romano, e aqueles vinculados ao judaísmo, sujeitos à opressão dos seus chefes religiosos subservientes àquele império. Em Cafarnaum encontrava-se uma densa população em torno do comércio dos produtos que chegavam das regiões gentílicas vizinhas através do Mar da Galileia. Sendo um lugar de concentração de moradores judeus, aí, também, se localizava uma sinagoga. No evangelho de Marcos encontramos apenas três narrativas envolvendo a presença de Jesus em sinagogas. Na primeira vez, na narrativa de hoje, ele encontra um homem com espírito impuro; outra vez encontra um homem paralisado com a mão seca. Com estes tipos, Marcos indica o caráter alienante e excludente da religião oficial da sinagoga em relação a seus fiéis. Na terceira vez, ensinando em uma sinagoga em Nazaré, Jesus admirou-se da incredulidade em suas palavras da parte dos que aí encontrou. No evangelho de hoje, Jesus entra em uma sinagoga, em Cafarnaum, e se põe a ensinar. O evangelista Marcos, então, menciona que "na sinagoga deles" estava um homem com um espírito impuro. Ao referir-se à sinagoga "deles" (v. 23), Marcos insinua que este não era o espaço de Jesus. Em sua narrativa, Marcos nos delineia o conflito de Jesus com o rígido sistema religioso judaico, com sua ideologia religiosa da superioridade do povo de Israel e do desprezo dos demais povos. Na sinagoga Jesus repreende severamente o espírito impuro com o qual se defronta. É uma contundente expressão que indica forte rejeição. Ela é usada com frequência nas narrativas de exorcismos e também na repreensão a Pedro (cf. 16 fev.), quando ele externa sua opinião de que Jesus é o messias esperado, ao qual se atribuíam poder e glória.

 

Na conclusão da narrativa fica em destaque o ensinamento novo de Jesus que vem subjugar os espíritos impuros. A palavra de Jesus é uma fonte de luz que dissipa das mentes as trevas alienantes da ideologia do poder. É um ensinamento novo que liberta e gera esperança e alegria entre todos. É a novidade do anúncio com a proposta de conversão de vida, abandonando uma religião estéril para aderir a uma prática do amor transformante das relações humanas, no desapego, na fraternidade, na justiça e na paz. Em continuidade a este episódio, Marcos narra a ida de Jesus, com os discípulos, para a casa de Pedro, que será a base da comunidade em seu convívio e em seu ministério. É a substituição da sinagoga pela igreja doméstica.

 

José Raimundo Oliva

 

COMENTÁRIO 3

 

O Senhor Jesus, durante Seu ministério terreno, orou por muitas pessoas perturbadas por espíritos imundos. Muitas vezes, expulsou demônios de pessoas religiosas, frequentadoras das reuniões nas sinagogas, como aquela mulher que havia dezoito anos sofria de paralisia. O espírito de enfermidade foi repreendido e a mulher tornou a andar de forma correta (cf. Lc 13,10-17).

 

No texto deste 4º Domingo do Tempo Comum, encontramos a narrativa da expulsão de um espírito impuro na sinagoga. É o início de uma série de conflitos de Jesus com o rígido sistema religioso judaico e com sua ideologia de superioridade. O conflito final se dará no confronto com as autoridades máximas no Templo de Jerusalém.

 

Na narrativa, há quatro menções ao ensino de Jesus. Com Seu ensinamento novo, Cristo causa admiração por Sua prática libertadora da doutrina legalista, elitista e excludente dos escribas, a qual se apossa dos fiéis como um espírito impuro. Jesus, que a todos ensina por meio de Sua prática, toca os corações com Seu amor misericordioso e acolhedor, expulsando deles aquele espírito impuro e libertando-os. É a mudança que vem pela Palavra libertadora e que orienta para uma nova prática nas comunidades.

 

A libertação é uma necessidade da Igreja, pois todos os que buscam Deus estão à procura de um socorro, seja a cura de uma doença ou enfermidade, seja o livramento de um vício, de uma perturbação, medo, depressão, angústia, ou de qualquer outro mal. Ao entrar em uma igreja, o necessitado precisa encontrar o alívio que veio buscar, ter um verdadeiro encontro com Deus.

 

A beleza do lugar, a liturgia ou qualquer dos atributos da Igreja devem ser coisas a ser contempladas após a libertação. Só os verdadeiramente libertos podem louvar ao Senhor de todo o coração. Não se pode dizer: “Sirvo a um Deus vivo que liberta” e viver perturbado, tendo visões de vultos e a doença como uma constante na vida. É bom lembrar também que todo aquele que busca a bênção de Deus deve crer que Ele existe (cf. Hebreus 11,6), pois “tudo é possível ao que crê” (cf. Mc 9,23); porém, a Igreja deve crer e aceitar a promessa do Senhor e buscar vivê-la.

 

A expulsão de demônios não é tão somente um ministério como alguns afirmam que seja, trata-se, na verdade, do primeiro passo na obra de libertação, está incluído no “ide e pregai” (cf. Mc 16,1). É uma ordem e não um pedido ou um ato facultativo a alguns que creem. É uma ordem taxativa. Ordem esta que é cumprida por todos aqueles que estão qualificados no critério “crê em mim”. Temos observado inúmeras pessoas que viviam doentes, tristes, depressivas, oprimidas, serem libertas após a oração da fé.

 

Os espíritos malignos convulsionam, caem por terra, são dominados e finalmente expulsos em nome do Senhor Jesus Cristo. O poder de Deus está onde há pessoas que creem, os demônios se manifestam diante do poder do nome de Jesus. Muitas vezes, mesmo antes da chamada “oração forte” feita com fé e em nome de Jesus, a libertação é necessária porque é certo que os males provêm de espíritos malignos, portanto, expulsos os demônios, o homem pode caminhar para grandes e poderosas bênçãos de Deus, o nosso Pai.

 

Padre Bantu Mendonça

 

O que o texto diz para mim hoje?

 

Recordo o que disseram os bispos em Aparecida sobre a vulnerabilidade dos mais fracos: "De nossa fé em Cristo nasce também a solidariedade como atitude permanente de encontro, irmandade e serviço. Ela há de se manifestar em opções e gestos visíveis, principalmente na defesa da vida e dos direitos dos mais vulneráveis e excluídos, e no permanente acompanhamento em seus esforços por serem sujeitos de mudança e de transformação de sua situação" (DAp 394).

 

O que o texto me leva a dizer a Deus?

 

Rezo com Jesus: Pai nosso...

 

E faço o Oferecimento do dia

 

Adoro-vos, meu Deus, amo-vos de todo o meu coração.

Agradeço-vos porque me criastes, me fizestes cristão, me conservastes a vida e a saúde.

Ofereço-vos o meu dia: que todas as minhas ações correspondam à vossa vontade.

E que faça tudo para a vossa glória e a paz das pessoas.

Livrai-me do pecado, do perigo e de todo o mal.

Que a vossa graça, benção, luz e presença permaneçam sempre comigo e com todos aqueles que eu amo. Amém.

(Orações da Família Paulina)

 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

 

Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus. Vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo que não vem de Deus, que não é conforme o Projeto de Jesus Mestre.

 

Bênção

 

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

 

Fonte: Paulinas e Canção Nova.