Somos chamados a viver a Ressurreição de Jesus em comunhão com Deus - Jo 20,19-31.

15/04/2012 08:07

Preparação para a Leitura Orante

 

Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas.

Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!

- Preparo-me para rezar a Palavra, com a prece de São Tomás de Aquino:

 

Espírito Santo, Deus de amor,

concede-me:uma inteligência que te conheça,

uma inquietação que te procure,

uma sabedoria que te encontre,

uma vida que te agrade,

uma perseverança que,

enfim, te possua. Amém.

 

Leitura Orante
Jo 20,19-31

 

Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:

 

- Que a paz esteja com vocês!

 

Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. Então Jesus disse de novo: - Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.

 

Depois soprou sobre eles e disse: - Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.

 

Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de "o Gêmeo", não estava com eles quando Jesus chegou. Então os outros discípulos disseram a Tomé: - Nós vimos o Senhor! Ele respondeu: - Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer! Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: - Que a paz esteja com vocês! Em seguida disse a Tomé: - Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia! Então Tomé exclamou: - Meu Senhor e meu Deus!

 

- Você creu porque me viu? - disse Jesus. - Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!

 

Jesus fez diante dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele.

 

O que diz o texto do dia?

 

COMENTÁRIO 1

 

A comunidade reunida e unida com a presença do Senhor Ressuscitado se fortalece e cresce. Recebe o Espírito Santo e a missão. Tomé não está presente. Por isso tem dificuldade para crer. Não acredita no primeiro anúncio que os apóstolos fazem depois de estarem com o Senhor. Tomé diz, em outras palavras, que precisa ver para crer. Uma semana depois, todos estão reunidos e, desta vez, Tomé está também. O Ressuscitado o convida para tocar as chagas. É quando ele faz aquela bela oração: "Meu Senhor e meu Deus!" E Jesus diz: "Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!" O Evangelho conclui com dizendo sua finalidade: "para que crendo, tenham vida por meio de Jesus".

 

COMENTÁRIO 2

 

Nesta aparição aos discípulos reunidos, por três vezes Jesus dá a paz aos discípulos. Durante a última ceia Jesus já lhes concedera, de maneira expressiva, a paz (Jo 14,27); e agora, na condição de Ressuscitado, a renova. A paz do mundo se perde na ilusão das disputas de poder e riqueza, e os discípulos, de sua parte, vivem a perturbação de momentos de perseguição. A paz de Jesus, que se faz presente entre seus discípulos, fortalece os corações firmando-os no amor e na vida eterna de Deus.

 

Jesus também, na última ceia, anunciara o envio do Espírito que procede do Pai, o Consolador na ausência sensível de Jesus (Jo 15,26). Espírito Santo, ou Consolador, é a expressão da personalização do Amor de Deus. É o amor que move os discípulos à missão libertadora e promotora da vida. O pecado consiste na colaboração com a ordem injusta que impera na sociedade ou em qualquer outro atentado contra a vida. Gerados por Deus, os discípulos com sua fé vencem o mundo (segunda leitura). Com seu testemunho da partilha (primeira leitura), da justiça e do amor removem o pecado do mundo.

 

A narrativa da experiência de Tomé com o ressuscitado é bem expressiva quanto à questão da necessidade das aparições, e até do toque, para confirmar a fé. Ele é o tipo do "ver para crer", ao qual Jesus contrapõe a bem-aventurança dos que creram sem ver.

 

Entre as primeiras comunidades vinculadas à comunidade de Jerusalém surgiu a tradição do ver o ressuscitado como condição para ser incluído entre as lideranças. A partir daí, surge a tradição da fé no testemunho destas lideranças, sem ver. Este episódio do evangelho de hoje relativiza as narrativas de visões do ressuscitado. Assim acontece, também, com o episódio em que o discípulo que Jesus amava, diante do túmulo vazio, creu sem ver o ressuscitado (Jo 20,8; cf. 12 abr.). Para crer não é necessário ver. A fé brota da experiência de amor que os discípulos tiveram no convívio com Jesus, e da mesma experiência de amor que se pode ter, hoje, nas relações fraternas de acolhimento, de doação e serviço, de misericórdia e compaixão, na fidelidade às palavras de Jesus.

 

A bem-aventurança conferida àqueles que creem sem ver é bem convincente no sentido da desnecessidade de aparições para que se possa perceber, na fé, a presença do Jesus eterno em nossas vidas, nas nossas comunidades e no mundo.

 

José Raimundo Oliva

 

COMENTÁRIO 3

 

Nas tradições das primeiras comunidades, circulavam dois tipos de textos sobre a Ressurreição de Cristo: uns relativos à constatação do túmulo vazio e outros relacionados às aparições do Ressuscitado. Em Marcos, encontramos apenas a tradição do túmulo vazio. Os demais evangelistas combinam-se ao coletar textos extraídos das duas tradições. No Evangelho de João, temos a narrativa do encontro do túmulo vazio. Em continuação, este Evangelho apresentará as narrativas das aparições. A tradição do túmulo vazio suscita a fé no Ressuscitado sem vê-Lo.

 

Precisamos fazer um rebusco sobre o que Jesus disse para os discípulos na Última Ceia. Ele já havia comunicado aos discípulos, de maneira expressiva, a sua paz; agora, na condição de ressuscitado, renova-a. Jesus aparece entre os discípulos reunidos, anuncia-lhes a paz e lhes mostra as chagas.

 

A primeira testemunha do cumprimento dessas Palavras foi Maria Madalena quando chegou ao túmulo. Ela vê a pedra que O fechava removida e acha que roubaram Seu corpo. Ela comunica o fato a Pedro e ao discípulo que Jesus amava. Este discípulo é mais ágil do que Pedro ao dirigir-se ao túmulo; porém, em consideração a ele, deixa que entre primeiro.

 

O pano que havia coberto a cabeça de Jesus estava enrolado num lugar à parte. O discípulo que Jesus amava viu e acreditou na presença viva do Senhor. Até então, não haviam compreendido que Ele ressuscitaria. Contudo, os sinais do túmulo vazio são suficientes para João crer que Cristo continuava vivo.

 

No Evangelho de hoje, os discípulos estão com as portas trancadas com medo dos judeus. Esse detalhe exprime a situação da comunidade de João – excluída pelos judeus -, os quais, inclusive, denunciavam os cristãos aos romanos. Porém, a presença do Ressuscitado liberta essa comunidade do medo e lhes traz a alegria. O “mostrar as chagas” das mãos e do lado é a confirmação da identificação do Ressuscitado com Jesus de Nazaré que foi crucificado. Agora, conforme anunciara nos discursos de despedida, Jesus comunica aos discípulos o Espírito, soprando sobre eles.

 

Os discípulos são enviados em missão, com o conforto do Espírito. Suas comunidades, que vivem na comunhão e partilha – movidas pela fé em Jesus – são responsáveis pela prática da misericórdia no acolhimento dos excluídos como pecadores e de todos aqueles que se sentem atraídos por Jesus. A partir da experiência de Tomé, Jesus proclama a bem-aventurança da fé. Começa o tempo dos bem-aventurados que não viram e creram.

 

Cristo ressuscitado continua presente entre os Seus discípulos. É o mesmo Jesus de Nazaré, Filho de Deus encarnado, que a todos comunicou eternidade e vida divina. As primeiras comunidades tinham consciência de que, pelo batismo, já viviam como ressuscitadas, isto é, em união com Jesus em Sua eternidade e divindade.

 

Comprometer-se, hoje, com o projeto vivificante de Jesus – na justiça, no amor e na partilha – é viver a Ressurreição em comunhão com o Deus eterno.

 

Padre Bantu Mendonça

 

O que o texto diz para mim hoje?

 

Sou uma pessoa que marco presença na comunidade? Por acaso, sou como Tomé? Preciso ver para crer?

 

Ou posso tomar para mim, a afirmação de Jesus: "Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!" Os bispos na V Conferência falaram muitas vezes da fé: "O "irmão" de Jesus (cf. Jo 20,17) participa da vida do Ressuscitado, Filho do Pai celestial, porque Jesus e seu discípulo compartilham a mesma vida que procede do Pai: Jesus, por natureza (cf. Jo 5,26; 10,30) e o discípulo, por participação (cf. Jo 10,10). A conseqüência imediata deste tipo de vínculo é a condição de irmãos que os membros de sua comunidade adquirem." (DAp 132).

 

O que o texto me leva a dizer a Deus?

 

Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo:

 

Jesus Mestre,

que eu pense com a tua inteligência e com a tua sabedoria.

Que eu ame com o teu Coração...

Que eu veja sempre com os teus olhos.

Que eu fale com a tua língua.

Que eu ouça somente com teus ouvidos.

Que eu saboreie aquilo que tu gostas.

Que as minhas mãos sejam as tuas.

Que os meus pés sigam os teus passos.

Que eu reze com as tuas orações.

Que meu tratamento seja o teu.

Que eu celebre como tu te imolaste.

Que eu esteja em ti e tu em mim,

de modo que eu desapareça.

(Bem-aventurado Tiago Alberione)

 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

 

Vou estar presente na minha comunidade - família, grupo, Igreja, amigos - e descobrir junto a presença de Jesus Ressuscitado em nosso meio, com a sua mensagem de paz!

 

Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

 

Bênção

 

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

 

Fonte: Paulinas e Canção Nova.