Tomemos posse da verdadeira paz de Jesus - Lc 24,35-48.

22/04/2012 07:49

Preparação para a Leitura Orante

 

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando, com toda a Igreja e os que transitam pela rede da internet:

 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

 

Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo. Trindade Santíssima - Pai, Filho, Espírito Santo - presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.

 

Eu vos adoro, amo e agradeço.

 

Leitura Orante
Lc 24,35-48

 

Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão. Enquanto estavam contando isso, Jesus apareceu de repente no meio deles e disse:- Que a paz esteja com vocês!

 

Eles ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma. Mas ele disse:

 

- Por que vocês estão assustados? Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês? Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam que sou eu mesmo. Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho. Jesus disse isso e mostrou as suas mãos e os seus pés. Eles ainda não acreditavam, pois estavam muito alegres e admirados. Então ele perguntou: - Vocês têm aqui alguma coisa para comer?

 

Eles lhe deram um pedaço de peixe assado, que ele pegou e comeu diante deles. Depois disse: - Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos. Então Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem as Escrituras Sagradas e disse: - O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no terceiro dia ressuscitar. E que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. Vocês são testemunhas dessas coisas.

 

O que diz o texto do dia?

 

COMENTÁRIO 1

 

Jesus ressuscitado aparece agora aos discípulos, confirmando sua Ressurreição. O Mestre se apresenta não como um fantasma, mas com gestos familiares: come peixe assado, apresenta-se com seu corpo visível, deixa-se tocar. Depois desta convivência familiar, fala-lhes das Sagradas Escrituras e abre-lhes a mente para entender. E os envolve, convidando-os a serem "testemunhas dessas coisas".

 

COMENTÁRIO 2

 

A narrativa dos discípulos de Emaús é exclusiva de Lucas (cf. 11 abr.). A estrutura da narrativa assemelha-se à estrutura celebrativa da Eucaristia: a escuta da palavra e a partilha do pão, na qual se reconhece a presença de Jesus.

 

Os dois discípulos retornam a Jerusalém para contar o que havia acontecido no caminho, e comunicam aos apóstolos reunidos o reconhecimento de Jesus na partilha do pão. Quando estão falando, o próprio Jesus aparece no meio deles. O encontro com Jesus é o encontro com a paz. É a paz em plenitude, a paz da participação da vida eterna do Pai, que Jesus traz a todos.

 

Mesmo depois da crucifixão de Jesus, os discípulos continuavam com dúvidas sobre o sentido de sua vida. Agora se evidencia que Jesus não foi destruído pela morte e sua missão de anunciar a conversão para participar da vida eterna deve ser continuada pelos discípulos em todas as nações. Jesus tem a vida eterna. Ele continua vivo. Não se trata de um espírito, como era admitido aos mortos em várias culturas e religiões, mas continua vivo em sua corporalidade. É o próprio Jesus de Nazaré, com o qual os discípulos conviveram por alguns anos.

 

Este texto de Lucas tem um sentido catequético para as comunidades de cristãos de origem judaica, as quais devem reler as escrituras sob a ótica da ressurreição, para perceberem a plenitude da vida de Jesus, e o distinguirem do tradicional messias glorioso esperado por Israel. O equivoco desta tradicional expectativa messiânica fica em evidência na fala de Pedro aos "homens de Israel", diante do Templo de Jerusalém, declarando que eles mataram Jesus, o qual, contudo, foi ressuscitado por Deus.

 

As comunidades de discípulos devem viver na paz, conscientes da presença de Jesus. A paz é aspiração de todos os povos e religiões. Quem faz a guerra contra a paz são os poderosos na conquista de mais riqueza e poder. A paz pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a todos.

 

O anúncio da conversão para o perdão dos pecados tem sua origem na pregação de João Batista. Jesus a assume e a aponta como o caminho para a vida eterna. Trata-se da conversão à prática da justiça, na plenitude do amor, pela qual o pecado é removido do mundo. Na observância da palavra de Jesus, o amor de Deus é plenamente realizado. Os discípulos de Jesus, em todos os tempos e povos, são convocados a testemunhar que um mundo novo onde reinem a paz e o amor, revestido de eternidade, é possível.

 

José Raimundo Oliva

 

COMENTÁRIO 3

 

Depois de Jesus ter aparecido a Maria Madalena, de ter dado ordens para que os Seus discípulos partissem para a Galileia e, de encontrar com dois deles na estrada de Emaús, finalmente o Senhor apareceu ao grupo reunido para lhes decepar as dúvidas e lhes fortalecer a fé.

 

A comunidade vacila. As perseguições estão no horizonte. O primeiro entusiasmo diminuiu, os membros estão cansados da caminhada e perdendo de vista a mensagem vitoriosa da Páscoa. Parece mais forte a morte do que a vida, a opressão do que a libertação, o pecado do que a graça. Então, Jesus aparece e lhes diz: “A paz esteja convosco!”.

 

O Senhor prova a eles a Sua autêntica Ressurreição e lhes confirma na paz. Ele é a paz em plenitude. E para que Suas Palavras não fiquem somente “no ar”, Ele lhes mostra as mãos, o peito e os pés rasgados.

 

“Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. Estas palavras indicam que Jesus se apresentou como um homem normal, com as mesmas características que tinha na vida mortal que os discípulos tão bem conheciam. Daí, podemos traduzir livremente por “Sou o mesmo que vocês conhecem, não é outra pessoa que estão vendo”. Assim, Ele os anima a apalpar Seu corpo e a ver Suas mãos e Seus pés que estavam com os sinais das chagas.

 

Se essas palavras têm algum sentido histórico, é o de manifestar que Jesus está vivo, que a morte não O venceu, que a vida do além pode ter momentos em que se parece com a vida anterior, como se esta seguisse e aquela fosse uma continuação. Sobre o modo de pensar de alguns teólogos, os quais dizem que a ressurreição é uma forma de vida só espiritual, vemos como Jesus se manifesta em corpo vivo e que não existe sentido em afirmar que só o espírito vive e o corpo se destrói e não alcança a nova vida.

 

Como diz o Catecismo, é impossível interpretar a ressurreição de Cristo fora da ordem física e não reconhecê-la como um fato histórico, pois o corpo ressuscitado de Jesus é o mesmo que foi martirizado e crucificado, trazendo as marcas da Sua Paixão. Não constitui uma volta à vida terrestre como foi o caso de Lázaro, visto que Seu corpo possui propriedades novas que o situam além do tempo e do espaço.

 

Jesus passa de um estado de morte para uma outra realidade. Ele participa da vida divina no estado de Sua glória, de modo que Paulo pode chamar a Cristo de o “Homem Celeste”. É por isso que Ele tem o poder de transmitir para nós a verdadeira paz. Assim como ontem, Jesus, hoje, continua dizendo: “A paz esteja convosco!”

 

O convite a tocar – não só a ver – indica que o corpo presente diante dos discípulos tinha aspectos físicos ou que podiam se conformar às leis físicas, à vontade do Ressuscitado. As feridas, muito mais do que o rosto, eram as marcas que determinavam, em definitivo, a realidade da pessoa na frente deles. Se falta alguma prova para se certificar de que aquilo era real, Jesus, então, come uma porção de peixe diante daqueles homens.

 

Parece que o Evangelista queria refutar toda dúvida possível. Mesmo assim, existem muitos como Tomé, aqui evocado não como apóstolo, mas como incrédulo. Por isso, podemos afirmar que existem muitos “Tomés” que não acreditam, porque não têm visto.

 

Diante do escândalo da cruz, que na época era muito maior do que nos dias de hoje, era necessário que Ele, além da Sua presença, provasse ser tudo conforme as Escrituras. Os caminhos de Deus consistem, como afirmava Paulo, em mostrar que “a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Cor 1,25).

 

Que nossa maior esperança seja ouvir a Palavra e acolher a presença do Mestre novamente entre os discípulos; não mais com um corpo humano, mas com um corpo glorioso.

 

Somos chamados, na liturgia, a mergulharmos numa experiência íntima com o Ressuscitado que nos diz: “A paz esteja convosco!”

 

Padre Bantu Mendonça

 

O que o texto diz para mim hoje?

 

Será que sou capaz de ver em quem toma refeição comigo, o Ressuscitado? Tenho familiaridade com as Sagradas Escrituras, deixando-me abrir a mente para a Verdade? Como pessoa batizada, cristã, assumo meu compromisso de testemunhar a ressurreição de Jesus? Os bispos falaram em Aparecida: "Esta V Conferência, recordando o mandato de ir e fazer discípulos (cf. Mt 28,20), deseja despertar a Igreja na América Latina e no Caribe para um grande impulso missionário. Não podemos deixar de aproveitar esta hora de graça. Necessitamos de um novo Pentecostes! Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de "sentido", de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Não podemos ficar tranqüilos em espera passiva em nossos templos, mas é imperativo ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não tem a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca na Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção de seu Reino em nosso Continente! Somos testemunhas e missionários: nas grandes cidades e nos campos, nas montanhas e florestas de nossa América, em todos os ambientes da convivência social, nos mais diversos "lugares" da vida pública das nações, nas situações extremas da existência, assumindo ad gentes nossa solicitude pela missão universal da Igreja." (DAp 548).

 

O que o texto me leva a dizer a Deus?

 

Rezo com Maria, a Mãe de Jesus, as alegrias da Ressurreição, pedindo-lhe a graça de ser testemunha.

 

- Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia!

- Porque quem merecestes trazer em vosso puríssimo seio, aleluia!

- Ressuscitou como disse, aleluia!

- Rogai a Deus por nós, aleluia!

- Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia!

- Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia!

 

Ave, Maria...

 

- Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.

- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

 

Oremos

 

Ó Deus, que alegrastes o mundo com a ressurreição de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso, concedei-nos, vo-lo suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.

 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

 

Na convivência no meu quotidiano, nas coisas mais comuns, quero testemunhar que Jesus está vivo no meio de nós, como rezo nas celebrações: "Ele está no meio de nós"

 

Bênção

 

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

 

Fonte: Paulinas e Canção Nova.